02 de July de 2018
Chega de hibernar

Jornal ABC - 01/07, por JFBF

Enquanto a Copa do Mundo acontece e nosso comércio, escolas e empresas se programam para folgar e comemorar o desempenho de nossa Seleção, fico imaginando quantas coisas estão sendo decididas no cenário político que não estamos nem tomando conhecimento. É incrível que os noticiários só falam de Copa do Mundo, parece que todo o caos está congelado. Ninguém morre, não há gente doente e a segurança está em paz. 

O que me preocupa é que a conta de tudo isso vem logo mais, a partir do mês do cachorro louco, quando tudo o que ficou represado ou foi resolvido sem a pressão da mídia, virá à tona para as nossas vidas, empresas e para a nossa sociedade. Daí vem a ressaca moral do brasileiro. Aquele gosto amargo e sensação de que o mundo está perdido, que faz com que todo mundo queira largar de mão e decida não se envolver com a decisão mais importante dos nossos próximos anos: a escolha de quem será nosso Governante. Isso é histórico no nosso País. A copa do mundo sempre teve uma relação bem estreita com as decisões políticas e com as eleições e muitas coisas foram decididas enquanto nosso povo estava festejando ou sofrendo a dor de um resultado de uma partida jogada por pessoas milionárias que pouco sentem o impacto da rotina de um trabalhador brasileiro. Temos que refletir mais sobre nossos ídolos...

Na última terça feira aconteceu a 3º Edição do Fórum de Desenvolvimento Econômico, evento tradicional e importantíssimo para que possamos entender um pouco mais sobre a economia do nosso País e do Mundo e tentar construir cenários de futuro para a gestão dos nossos negócios. Neste encontro, um dilema me chamou a atenção:

Segundo os renomados economistas, estamos nos recuperando lentamente de 9 anos de estagnação. Os gráficos chocantes mostraram que hibernamos por todos esses anos enquanto a economia mundial era muito próspera – praticamente perdemos um cavalo encilhado. Embora a equipe econômica atual esteja tomando medidas eficientes, estamos trabalhando no negativo, pois as contas Públicas são gigantescas e estão consumindo toda a riqueza gerada pelo nosso trabalho árduo. E agora, a única forma de “sair desse poço sem fundo” será a aprovação de reformas tais como previdência, política e fiscal, ou seja, aplicar cortes na carne. Eis que primeira tarefa dos brasileiros que vem logo depois da Copa do Mundo será uma escolha comprometida, eficiente e não emocional de um Presidente, de Deputados e Senadores alinhados com a mesma proposta e que encarem de frente as decisões vitais que precisam ser tomadas e tenham profissionalismo para aplicar todas as medidas impopulares, mas necessárias. Portanto, não podemos nos dar ao luxo de emocionalizar quaisquer que sejam os resultados da Copa do Mundo e nem tão pouco lavar as mãos para as eleições de outubro. Precisamos assumir a responsabilidade das mudanças que desejamos e evitar discursos populistas, independente da corrente que representem, esquerda ou direita. Agora precisamos de alguém com a coragem e inteligência para tomar decisões necessárias e capacidade de mobilizar o Congresso Nacional para nos colocar novamente no rumo do crescimento. Esse alguém será escolhido por nós. Acorde cedo logo depois da Copa do Mundo e preste atenção nesse novo desafio, sob pena de dormirmos mais quatro anos.