Jornal ABC - 02/09, por JFBF

No último dia 17 de agosto, no Tabelionato Fischer, brindamos aos 30 anos de trabalho de uma funcionária muito querida, tanto entre os meus funcionários e ex-funcionários, quanto na comunidade que por ela é orientada. Estou me referindo a Simone Bonalume, querida Bona, minha substituta, a quem sou grato pelos anos de dedicação e parceria.  

Ao homenageá-la pelos seus 30 anos, fiquei pensando no que faz com que uma profissional fique tantos anos no mesmo trabalho e se torne tão querida e tão importante, que é praticamente um pilar da nossa gestão e uma referência na comunidade jurídica e notarial em todo o País. Diz uma lenda que quando ela, ainda criança, entrou no 1º Tabelionato para acompanhar o seu irmão em algum serviço, olhou para cima impressionada, girou ao redor do seu próprio eixo e disse determinada: “quando eu crescer, vou trabalhar aqui”. Pode ser também pelo fato de que ela foi tão “CDF” na escola, que chorava noites a fio quando tirava um 9,8 numa prova. Não chorava pelos 0,2 décimos, chorava porque não foi perfeita. Ela simplesmente não lidava bem com nada menos do que dez e até hoje carrega esse valor de perfeccionismo em relação aos textos que redige e a delicadeza hoje equilibrada com um toque de firmeza com que conduz um atendimento. Nenhum texto ou cliente é igual ao outro, pois ela ouve com atenção os relatos de cada um e cada atendimento é especial para ela. Ela simplesmente não esquece e cuida de cada detalhe como se fosse único, sempre no mesmo tom de voz amigável. Nesse momento me dei conta de que talvez ela esteja há tanto tempo conosco porque é mulher. Sim, porque as mulheres, quando amam, são de uma dedicação e lealdade que me impressionam. Algumas características como a resiliência, paciência, sensibilidade, afetividade, versatilidade e acima de tudo, percepção aguçada, são essenciais no processo de trabalho notarial e as mulheres, em geral, carregam esses valores por natureza.  A Bona, assim como tantas mulheres com quem tive a oportunidade de trabalhar, deixam sua essência no nosso ambiente de trabalho e tornam a função notarial mais humana, mais simples e de fácil compreensão, porque precisam torna-la acessível e dar conta de atender de forma acolhedora.

Tenho certeza de que quem trabalhou ao lado dela, pode justificar facilmente os valores que ancoraram essa carreira de 30 anos, por meio de adjetivos como generosidade, humildade, gentileza, amizade, ponderação extrema antes de emitir qualquer opinião que afete a vida de outra pessoa, responsabilidade e comprometimento e, acima de tudo, bom humor. E eu, leitor assíduo do escritor alemão Eckhart Tolle, que compartilha diversas experiências de desenvolvimento humano como o Livro Aqui e Agora, posso dizer que a Bona fez e ainda faz história conosco, de uma forma tão eficiente, amorosa e integral, simplesmente porque quando ela está trabalhando, ela não está com a cabeça em mais nenhum lugar, ela está trabalhando com toda a sua alma. E isso, caros amigos, é o que diferencia um simples trabalho de uma carreira admirável. 

Numa sociedade machista e patriarcal, onde as mulheres ainda batalham por um espaço que é seu por mérito e absoluta capacidade, estou feliz em contar com tantas mulheres em cargos de liderança no Tabelionato Fischer. E, ao compartilhar a história de sucesso de uma delas aqui com vocês, quem sabe possamos promover um pouco mais a discussão sobre empoderamento feminino.