17 de September de 2019
Você é contente ou conformado?

Jornal ABC - 15-09, por JFBF

Eu já me considerei uma pessoa insatisfeita, pois nunca senti que as coisas estavam boas o suficiente a ponto de se dizer que podem parar de melhorar. Teve um tempo em que eu até me culpava por me sentir assim, até o dia em que ressignifiquei essa “insatisfação”, entendendo que ela é um catalizador para mudanças e desacomodação, tanto minha, quanto das pessoas ao meu redor e, certamente, sempre foi a fagulha de muitas iniciativas que fizeram minha vida inovar e inspirar novos empreendimentos. Hoje denomino esse sentimento de inquietude, pois é algo que sempre me faz questionar se há mais formas de se fazer algo para mudar um patamar de bom para excelente. Eu fui inquieto quando deixei a banca de advogados em que eu trabalhava para ser ajudante-substituto do Carlos Luis Poisl. Eu fui inquieto, junto com outros 33 empresários, quando quis mudar o status quo do investimento social privado em Novo Hamburgo e idealizamos a Fundação Semear. Fui inquieto quando sonhei com um modelo de atendimento que impusesse mais segurança e eficiência nos atos notariais e investi num software que mudou o conceito de atendimento de todo o País, desacomodando outras empresas que estavam no mercado. Fui inquieto quando resolvi participar da União Internacional do Notariado, contribuindo para a construção de soluções jurídicas seguras para integrar os tabelionatos de todo mundo. 

Algumas vezes eu errei, outras vezes eu acertei, mas nunca me acomodei ou enterrei meu grande tesouro que é a criatividade e a coragem de questionar as coisas. Hoje entendo que não sou insatisfeito. Pelo contrário, eu sou contente por estar onde  estou, mas mais animado na direção para onde estou indo. E isso nunca me permite ficar conformado com uma situação.  Querer sempre mais é complicado por  ser interpretado como insatisfação. Ouvi muitas vezes a frase: você nunca fica contente? Para perguntas como essa eu sempre respondo: eu me contento com o melhor! Comecei a prestar mais atenção nos meus sentimentos em relação as coisas e hoje tenho mais clareza da diferença entre estar insatisfeito, contente ou conformado. Insatisfeito é sentir falta de satisfação, ausência de alegria de viver. Isso é um risco, pois podemos nos cegar para os pequenos milagres da nossa vida, aquelas coisas mais simples da nossa rotina que nos tornam quem somos. Estar contente é não reclamar de sua condição, por saber que, por opção própria, ela é provisória e você segue em busca de um patamar melhor, impondo sua energia positiva para seguir se aprimorando. Estar contente é não ser dominado pela sensação de medo ou derrota. Manter-se animado. Estar conformado é lamentar-se a todo momento por sua condição de vida, por sentir-se vítima das circunstâncias, esquecendo que você está onde você se coloca. Estar contente é estar alegre pelo que tem, ainda que não seja tudo o que você planeja. Estar conformado é assumir o tamanho e a forma da realidade em que vive, mesmo que essa seja insuficiente ou insignificante, por acreditar que não merece ou não tem capacidade. O satisfeito se contenta no estágio em que estiver, pois sabe que está sempre em movimento, enquanto o conformado assume que a escassez é inevitável. O satisfeito sabe que está em um processo de aprendizado e desenvolvimento. Ele não se culpa e não se desculpa. Ele vai lá e muda a situação. Portanto, se você estiver em uma situação de crise, em qualquer área da sua vida, avalie com muita sinceridade o quanto de alegria você tem depositado para mudar a situação. A alegria e o contentamento são a energia positiva para você mudar qualquer condição.